Clinica NeuroGandolfi

fev 42 min

Simplificando o Diagnóstico: O Princípio da Régua e a Navalha de Ockham

Simplificando o Diagnóstico: O Princípio da Régua e a Navalha de Ockham

Ontem, uma mãe preocupada alegou que seu filho de 1 ano e 7 meses tinha sido diagnosticado com TDAH e TOD. Consciente da tenra idade da criança, iniciei uma anamnese minuciosa, questionando a probabilidade de tal conjunto complexo de diagnósticos em tão tenra idade.

Ao olhar para uma régua ao meu lado, me veio à mente a “Navalha de Ockham”. Esse princípio da economia no método científico sugere que, diante de múltiplas explicações possíveis, escolha-se a mais simples, aquela que envolve o menor número de variáveis lógicas.

Os múltiplos diagnósticos com 1 ano e 7 meses pareciam, nesse caso, excessivamente complexos. Detalhei as queixas da mãe: a criança não falava, parecia inquieta, girava em torno do próprio eixo, não mantinha o olhar como o esperado para à idade, não respondia ao ser chamada pelo nome na primeira tentativa, tinha dificuldade em atenção compartilhada, alterações sensoriais e brincar funcional pobre.

Ao analisar as idades iniciais das características persistentes de transtornos, representados em uma régua, ficou claro que, ao invés de uma variedade de transtornos, a explicação mais lógica apontava para “apenas” autismo e iniciei o processo de avaliação e intervenção para confirmar ou descartar. A “Navalha de Ockham” guiou a simplificação do meu plano terapêutico.

Essa abordagem não só reforça a importância da simplicidade das hipóteses diagnósticas, mas também destaca a necessidade de cuidadosa avaliação, especialmente em idades tão precoces. A complexidade nem sempre é a resposta, e a “Navalha de Ockham” continua a ser uma ferramenta valiosa na busca pela verdade médica. Estou à disposição para análises e perguntas, utilizando essa abordagem simplificada.

Dra. Valéria Gandolfi Geraldo

Pediatria - Neurologia Pediátrica

CRM-SP 105.691 - RQE: 26.501-1

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