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Risperidona e Aripriprazol versus Telas: Desafios na Saúde de Crianças e Adolescentes no Espectro do Autismo



Risperidona e Aripriprazol versus Telas: Desafios na Saúde de Crianças e Adolescentes no Espectro do Autismo

A crescente presença de tecnologia em nossas vidas tem impactos significativos, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes, e esses efeitos são ainda mais acentuados em indivíduos no espectro do autismo. O equilíbrio entre o uso da Risperidona e Aripriprazol, medicamentos antipsicóticos amplamente empregados no tratamento de Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), e a exposição excessiva a telas torna-se uma questão complexa e crucial para a saúde física e mental dessa população específica.


Em 2021, um estudo envolvendo 308 crianças destacou uma associação significativa entre a exposição exacerbada a telas e tecnologia e diversos prejuízos no desenvolvimento de habilidades sociais e comunicação, especialmente evidentes em indivíduos no espectro do autismo. Além de impactos nas interações sociais, observou-se rigidez comportamental, alterações sensoriais, comportamento hiperativo, diminuição do limiar de frustração, aumento da irritabilidade e alterações no padrão de sono, entre outros efeitos adversos.


A complexidade dessa relação entre tecnologia e saúde mental é ainda mais acentuada quando se considera o uso de medicamentos como a Risperidona e o Aripriprazol no tratamento de Autistas. O cérebro de indivíduos no espectro do autismo geralmente apresenta uma produção elevada de dopamina, um neurotransmissor crucial em processos como movimento, recompensa e motivação. Essa elevação de dopamina pode manifestar-se em sintomas como agitação e distúrbios do sono.


A Risperidona (acima de 5 anos de idade) e o Aripriprazol (acima de 6 anos de idade), frequentemente prescritos para tratar comportamento agressivo e irritabilidade intensa em crianças no espectro do autismo, atuam como antagonistas dopaminérgicos, restringindo a função da dopamina. No entanto, a exposição excessiva a telas e tecnologia, comuns na sociedade contemporânea, tende a estimular a produção de dopamina, indo na direção oposta ao efeito desejado da medicação.


Uma questão fundamental que surge é se seria mais prudente restringir ao máximo a exposição a telas como primeira escolha de tratamento. Afinal, qual é a eficácia de administrar um antipsicótico enquanto a criança continua exposta de maneira excessiva a estímulos digitais?


As diretrizes atuais enfatizam a importância de limitar a exposição de crianças a telas e tecnologia. Crianças menores de 2 anos não devem ter nenhuma exposição a telas, enquanto aquelas com idades entre 2 e 6 anos devem ser limitadas a, no máximo, 60 minutos por dia, sempre sob supervisão. Dos 6 aos 13 anos, o limite é de 2 horas diárias, priorizando conteúdos estimulantes e evitando o uso durante as refeições. A partir dos 13 anos, o tempo máximo é estabelecido em 3 horas diárias.


No entanto, implementar essas diretrizes pode ser um desafio, especialmente em uma sociedade onde a tecnologia está onipresente. As famílias, educadores e profissionais de saúde desempenham um papel crucial na promoção de um ambiente que favoreça o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes autistas, considerando tanto a prescrição medicamentosa quanto a gestão do tempo de exposição a telas.


É crucial abordar a exposição a telas não apenas como uma questão isolada, mas como parte integrante de uma abordagem integral para o tratamento de Autistas. Isso implica não apenas em restrições na exposição a telas, mas também em estratégias educacionais e terapêuticas que promovam o desenvolvimento de habilidades sociais, comunicação e autonomia.


Além disso, a pesquisa contínua é vital para compreender melhor a interação entre o uso de medicamentos como a Risperidona e o Aripriprazol e os padrões modernos de exposição digital. Novas abordagens terapêuticas, tecnologias assistivas e estratégias educacionais inovadoras podem surgir dessa pesquisa, proporcionando opções mais eficazes e personalizadas para a população autista.


Em última análise, o equilíbrio delicado entre Risperidona e Aripriprazol e exposição a telas destaca a necessidade de uma abordagem individualizada no tratamento de autistas. A colaboração entre pais, profissionais de saúde, educadores e pesquisadores é fundamental para garantir que cada criança e adolescente autista receba o suporte adequado para florescer em um mundo cada vez mais digital.



Dra. Valéria Gandolfi Geraldo

Pediatria - Neurologia Pediátrica

CRM-SP: 105.691 / RQE: 26.501-1


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