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  • Foto do escritorClinica NeuroGandolfi

As Fases de Aceitação do Diagnóstico do Autismo no Filho: Uma Jornada de Reconstrução

Atualizado: 31 de jan.



As Fases de Aceitação do Diagnóstico do Autismo no Filho: Uma Jornada de Reconstrução

A jornada de aceitação do diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em um filho é uma experiência profundamente complexa, delineada por uma série de fases que refletem a complexidade emocional e psicológica enfrentada pelos pais. Este processo intrincado inicia-se com a perda do filho idealizado, quebra das expectativas e sonhos preexistentes, e se estende até a elaboração, quando os pais emergem, mais uma vez, no mundo externo. Essas fases compõem uma trajetória emocional e psicológica, cada estágio representando um passo crucial na jornada de fácil acesso.


Negociação e Isolamento: O Primeiro Estágio

No estágio inicial, a negação e o isolamento servem como um escudo emocional. Diante do diagnóstico do TEA, os pais frequentemente passam por um período de reclusão emocional. É uma acessibilidade parcial que precede um confronto gradual com a realidade. Esse estágio é marcado por uma espécie de barganha interna, na qual os pais buscam acordos emocionais para lidar com a notícia impactante. É um momento de ajuste emocional, uma tentativa de progredir gradualmente ou que o diagnóstico significa para eles e para o futuro de seu filho.


Raiva: O Segundo Estágio

Quando uma negação já não é mais sustentável, surge uma raiva. É um estágio marcado por um turbilhão de emoções, incluindo revolta, inveja e ressentimento. Os pais podem encontrar-se perguntando "por que justamente eu?" e, em alguns casos, podem até direcionar a culpa ou expressar sentimentos negativos em relação aos profissionais de saúde que realizaram o diagnóstico. É uma expressão natural de frustração diante da nova realidade, uma busca por um sentido para a situação. Nesse estágio, é fundamental compreender que a raiva não é necessariamente direcionada ao filho, mas sim à complexidade da situação.


Barganha: O Terceiro Estágio

A fase de barganha é descrita pela esperança de que as coisas voltem ao que eram. Os pais podem fazer promessas de mudanças, acordos internos e buscar soluções que os levem de volta à vida antes do diagnóstico. No entanto, essa fase é muitas vezes efêmera, pois a realidade do TEA impõe suas limitações. A barganha é uma resposta solucionada à necessidade de encontrar uma saída para a dor emocional.


Depressão: O Quarto Estágio

A depressão, estágio seguinte, traz consigo sentimentos de debilitação, tristeza e solidão. Funciona como uma preparação para as perdas decorrentes da jornada com o TEA. É um estágio crucial que requer intervenção ativa para evitar que se transforme em uma depressão silenciosa. A depressão é um acontecimento natural à percepção das dificuldades que o filho pode enfrentar, e os pais precisam de apoio para enfrentar esses sentimentos.


Aceitação: O Quinto Estágio

A fase final é a aceitação. Após externalizar angústias, invejas e lamentos, os pais começam a aceitar o diagnóstico do filho. Surge uma compreensão mais serena do transtorno, e eles se mostram interessados ​​em vivenciá-lo, mesmo que persista um sentimento de dor emocional. A aceitação não implica na ausência de desafios, mas sim na disposição de enfrentá-los com amor, compreensão e apoio.


A Rede de Apoio e a Terapia Familiar: Pilares Importantes na Jornada

A esperança é um fio condutor comum em todas as fases da aceitação do diagnóstico, e uma rede de apoio e a terapia familiar desempenham papéis fundamentais. A compreensão de que o diagnóstico não é uma sentença, mas sim uma oportunidade de crescimento, é essencial. A rede de apoio, composta por familiares, amigos, e profissionais de saúde, oferece um suporte vital para os pais ao longo dessa jornada.


A terapia familiar surge como uma ferramenta útil para ajudar os pais a lidar com as diversas fases. Oferece um espaço seguro para expressar emoções, aprender estratégias de enfrentamento e desenvolver habilidades possíveis para apoiar o desenvolvimento do filho com TEA. A compreensão de que uma jornada não é solitária, mas sim compartilhada, pode aliviar parte do fardo emocional.


A Urgência da Intervenção e do Autocuidado

O tempo é uma aliança nesse processo, e a urgência em buscar informações sobre o autismo e iniciar intervenções terapêuticas no filho não pode ser deixado de lado. Cada lágrima e grito fazem parte da jornada humana, e a busca por ajuda profissional e o autocuidado tornam-se imperativos. A busca pelo conhecimento sobre o TEA, a participação ativa em intervenções terapêuticas e a procura por grupos de apoio são passos cruciais nesse caminho.


Conclusão: Da Dor à Resiliência

Na última análise, a dor, quando enfrentada e detalhada, transforma-se em força. O diagnóstico do Autismo não é uma sentença, mas uma estrada a ser percorrida com amor, apoio e compreensão. A jornada, embora desafiadora, pode se tornar uma fonte inesgotável de resiliência e aprendizado. Cada estágio reflete a complexidade do processo de flexibilidade, e o apoio emocional, juntamente com intervenções terapêuticas, criando as condições para uma jornada mais leve e fortalecedora.


A jornada de aceitação após o diagnóstico do TEA é, em última instância, uma oportunidade para os pais redescobrirem a força interior, a resiliência e a capacidade de amar incondicionalmente. É uma trajetória única, moldada pela aceitação gradual da realidade, acompanhada por uma rede de apoio sólida e pela busca constante pelo bem-estar do filho. O Autismo pode ser um desafio, mas também é uma jornada de descobertas, crescimento e amor incondicional.



Dra. Valéria Gandolfi Geraldo

Pediatria - Neurologia Pediátrica

CRM-SP 105.691 - RQE: 26.501-1

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