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Cuidados Após Bater a Cabeça: Avaliação e Considerações Médicas



Cuidados Após Bater a Cabeça: Avaliação e Considerações Médicas


A experiência de uma criança batendo a cabeça é, sem dúvida, uma situação angustiante para os pais, já que o crânio ainda está em processo de desenvolvimento. Diante desse cenário, é natural surgirem diversas preocupações, e entender como agir nesse momento é crucial para garantir a segurança e o bem-estar do pequeno.


Um dos primeiros questionamentos que podem surgir é a necessidade de realizar exames de imagem, como o Raio-X e a Tomografia Computadorizada (TC) do crânio. É importante esclarecer que o Raio-X, em todas as situações, é dispensável nesse contexto específico. A decisão sobre a realização da TC de crânio deve ser baseada em uma avaliação clínica detalhada realizada pelo pediatra.


A Tomografia Computadorizada de Crânio utiliza radiação, o que, em longo prazo, pode ter impactos na saúde, incluindo um discreto aumento na incidência de tumores em crianças. Portanto, a indicação desse exame deve ser cuidadosa e fundamentada em uma verdadeira preocupação médica. Não é uma prática rotineira, mas sim reservada para casos em que há suspeita de lesões mais graves.


A decisão de realizar uma TC de crânio deve levar em consideração a necessidade real de obter informações específicas sobre a condição do crânio da criança. Caso o pediatra identifique sinais de alerta durante o exame clínico, como alterações neurológicas, comportamentais ou outros sintomas preocupantes, a TC de crânio pode ser indicada para avaliação mais detalhada.


Quanto à preocupação sobre deixar o bebê dormir após bater a cabeça, é importante entender que existe uma grande diferença entre uma criança que se assustou, chorou intensamente e, após se acalmar, quis dormir, e uma criança que desmaiou. O fator crítico aqui é a perda de consciência, o que demanda atenção imediata.


É comum que bebês e crianças apresentem sonolência após situações de estresse, como uma queda. Essa reação faz parte da resposta do corpo às emoções intensas vivenciadas. A estrutura dos ossos dos bebês, mais elásticos e maleáveis do que os dos adultos, dificulta a ocorrência de fraturas em situações cotidianas de queda.


A orientação geral após uma queda é observar atentamente o comportamento da criança. Se ela estiver alerta, responsiva e não apresentar sinais evidentes de lesão, como vômitos persistentes, crises epilépticas, desorientação ou outros sintomas preocupantes, é possível permitir que ela descanse e até mesmo durma.


Entretanto, é fundamental ressaltar que cada situação é única, e a decisão sobre os cuidados a serem tomados deve ser guiada pelo bom senso e pela observação atenta. Se houver dúvidas ou preocupações, é aconselhável buscar orientação médica.


A consulta ao médico é especialmente indicada se a criança apresentar qualquer mudança no comportamento normal, como irritabilidade persistente, alterações na alimentação, sonolência excessiva, entre outros. O profissional de saúde poderá realizar uma avaliação mais aprofundada e, se necessário, solicitar exames adicionais para garantir a segurança e a saúde da criança.


A abordagem adequada após uma queda que envolve a cabeça requer equilíbrio entre a observação cuidadosa dos sinais e sintomas da criança e a orientação médica especializada. O cuidado responsável e a busca por ajuda profissional quando necessário são essenciais para garantir a tranquilidade dos pais e o bem-estar dos pequenos em situações desafiadoras como essa.

Meu filho bateu a cabeça: Quando é necessário fazer Tomografia de Crânio?

Vou deixar aqui as indicações de TC de crânio, após trauma de cabeça, em crianças:

  • Traumatismo crânio encefálico (TCE) moderado ou grave.

  • TCE leve com mecanismo de trauma de alta velocidade, como, por exemplo, quedas de bicicleta, patins, patinete e skate em movimento e sem capacete, ejeção do carro, acidente automobilístico com morte de um dos passageiros, capotamento, atropelamento de pedestre ou ciclista e trauma ocasionado por objeto de alto impacto.

  • Escala de Glasgow < 15.

  • Quedas em menores de 3 meses.

  • Quedas, em bebês de 3 meses a 2 anos, de locais com altura superior a 0,9 metros.

  • Quedas, em maiores de 2 anos, de locais com altura superior a 1,5 metros.

  • Queda de mais de 4 degraus da escada.

  • Hematoma subgaleal (galo) não frontal (occiptal, parietal ou temporal), em menores de 2 anos.

  • Sangramento pelo ouvido ou nariz.

  • Presença de hematomas atrás da orelha ou à volta dos olhos.

  • Líquido transparente saindo pelo nariz ou pelos ouvidos.

  • Perda de consciência após trauma, mesmo se for por poucos segundos.

  • Dor de cabeça intensa, crises epilépticas, alteração de memória, confusão mental, alterações visuais, desequilíbrio, perda de força muscular ou outra mudança do padrão neurológico habitual.

  • Se a criança, após a queda e até 6 horas dela, apresentar 5 ou mais episódios de vômitos.

  • Se a criança , após 6 a 48 horas da queda, apresentar um episódio de vômito.

  • Se a criança, ficar com um padrão irritado ou sonolento nas primeiras 48 horas que seguem a queda.

  • Se até 48 horas após a queda, a criança ou adolescente estiver diferente do habitual.

  • Se a criança, após 48 horas da queda, apresentar qualquer alteração, a necessidade será avaliada individualmente.


Considerações Finais: Orientação e Vigilância Constante

Em situações em que a criança bate a cabeça, a cautela e a observação cuidadosa são essenciais. A decisão de realizar exames, como a Tomografia Computadorizada de Crânio, deve ser pautada em uma avaliação clínica criteriosa do pediatra, evitando exposições desnecessárias à radiação. A sonolência após o incidente, geralmente, é uma resposta natural ao estresse, mas a perda de consciência é um sinal de alerta que demanda avaliação médica imediata.


A permissão para que a criança durma após uma queda deve ser baseada na observação atenta de seu estado geral. Se dúvidas surgirem ou houver mudanças no comportamento, a consulta médica é a melhor abordagem. Em última análise, a segurança e o bem-estar dos pequenos dependem da combinação entre cuidado parental e orientação profissional, garantindo que cada situação seja tratada com a devida atenção e responsabilidade.


Dra. Valéria Gandolfi Geraldo

Pediatria - Neurologia Pediátrica

CRM-SP: 105.691 / RQE: 26.501-1

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