top of page
  • Foto do escritorClinica NeuroGandolfi

Compreendendo as Crises Febris em Crianças: O Que os Pais Precisam Saber



Compreendendo as Crises Febris em Crianças: O Que os Pais Precisam Saber


As crises febris em crianças podem ser uma experiência angustiante para os pais, mas entender o que está acontecendo pode ajudar a aliviar a ansiedade. Vamos explorar mais sobre as crises febris, seus sintomas, causas e o que os pais podem fazer para proporcionar conforto a seus pequenos durante esses episódios.


O que são Crises Febris:

A Crise febril (antigamente chamada de Convulsão febril), ocorre na infância, de 30 dias de vida até 6 anos de idade, em vigência de febre ou 24h antes ou depois da febre, na ausência de infecção intracraniana ou de outra causa neurológica ou não definida (por exemplo, se ocorrer crise epiléptica com hipoglicemia ou hiponatremia, mesmo com febre, não será uma crise febril e sim uma crise epiléptica circunstancial). Apresentam caráter benigno, não deixam sequelas, não levam à óbito e não se associam a risco aumentado de prejuízo intelectual. No entanto, podem ser assustadoras para os pais testemunharem.


Sintomas das Crises Febris:

Durante uma crise febril, a criança pode apresentar os seguintes sintomas:

  1. Perda de Consciência: A criança pode desmaiar temporariamente.

  2. Rigidez Muscular: Os membros do corpo podem ficar rígidos.

  3. Movimentos Espasmódicos: A criança pode ter movimentos involuntários, como tremores ou contrações musculares.


Causas:

As crises febris geralmente ocorrem quando a temperatura do corpo da criança sobe rapidamente. A febre pode ser desencadeada por infecções virais ou bacterianas, vacinas, ou mesmo por mudanças repentinas na temperatura ambiente.


Exames Complementares:

Em decorrência da natureza benigna das crises febris, a Academia Americana de Pediatria e a ILAE (Liga Internacional de Epilepsia) preconizam que exames de neuroimagem, como a Tomografia computadorizada de crânio e a Ressonância nuclear magnética do encéfalo, não sejam realizados rotineiramente em crianças com crises febris.  Nos casos de Estado de mal epiléptico febril, está indicado neuroimagem, mas no evento agudo e não via ambulatorial.

 

A Academia Americana de Pediatria e a ILAE recomendam que o eletroencefalograma não seja realizado, exceto nos casos de EME febril e suspeita de Encefalite viral e, nesses casos, deve ser feito dentro das primeiras 24h que seguem o evento. O eletroencefalograma após o primeiro episódio de crise febril simples não contribui para o diagnóstico e nem apresenta relação com o prognóstico quanto à recorrência ou a evolução para epilepsia. Mesmo nas crianças com crise febril atipica, o eletroencefalograma não deve ser utilizado isoladamente como índice prognóstico para o desenvolvimento de epilepsia.


Tratamento Profilático:

Quando se fala em tratamento profilático, refere-se ao uso contínuo ou eventual de medicações antiepilépticas no sentido de reduzir o risco da criança apresentar recorrência da crise. E isso não se usa mais. Hoje, preconiza que não se use tratamento profilático continuo ou eventual para profilaxia de crise febril, pois as evidencias cientificas atuais apontam que não previnem a recorrência da crise febril. Orienta-se uso de antitérmicos a cada 6 horas, se necessário.


O que os Pais Podem Fazer:

  1. Manter a Calma: Embora as crises febris possam ser assustadoras, manter a calma é fundamental. A maioria dessas crises é breve e não causa danos duradouros.

  2. Proteger a Criança: Colocar a criança em um local seguro para evitar lesões durante a crise.

  3. Medir a Temperatura: Se possível, medir a temperatura da criança. Isso pode ser útil para o médico avaliar a gravidade da febre.

  4. Buscar Ajuda Médica: Em casos de crises febris prolongadas, ou se a criança não estiver se recuperando adequadamente, é crucial procurar orientação médica. Ligue para o SAMU: 192!

  5. Gerenciar a Febre: Utilizar métodos seguros para reduzir a febre, como medicamentos indicados pelo pediatra e banhos mornos.

  6. Procurar um Neurologista Pediátrico: se seu filho ou sua filha evoluir com involução e ou atraso dos marcos neurodesenvolvimento, alterações de padrão neurológico, estado de mal epiléptico febril, crises epilépticas afebris ou apresentar 4 ou mais crises febris, procure um neurologista pediátrico com expertise em Epileptologia.


Lembrando que cada criança é única, e nem todas desenvolverão crises febris. Se você estiver preocupado com a saúde de seu filho ou sua filha ou se ele já teve crises febris, é sempre aconselhável discutir essas preocupações com um Neurologista Pediátrico com expertise em Epilepsia e Crises Epilépticas (Epileptologia).


Dra. Valéria Gandolfi Geraldo

Pediatria - Neurologia Pediátrica

CRM-SP: 105.691 / RQE: 26.501-1

5 visualizações0 comentário
bottom of page