
Dra. Valéria Gandolfi Geraldo
CRM/SP: 105.691 - RQE: 26.501-1
Diretor Técnico Médico
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Sobre a especialidade
A pediatria é o ramo da medicina que se especializa na saúde e nas doenças das crianças e adolescentes. Trata-se de uma especialidade médica que se centra nos pacientes desde o momento do nascimento até à adolescência, sem que exista um limite preciso que determine o final da sua validez.
1) O que é Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento?
A Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento é uma área clínica que acompanha o desenvolvimento e o comportamento de crianças e adolescentes.
O profissional avalia todo o desenvolvimento da criança e do adolescente, do ponto de vista das suas aquisições motoras, cognitivas e de linguagem, desde o nascimento até a fase adulta.

Avaliar o desenvolvimento e comportamento de crianças e adolescentes é um fundamento básico dos profissionais de saúde e educação que atendem esse publico, sendo de suma importância conhecer as características de seu transcurso normal, de modo a garantir a prevenção de problemas e a promoção de sua saúde, além de identificar possíveis atrasos, desvios, sofrimentos e transtornos.
A primeira infância saudável tem ligação direta com a qualidade de vida do adulto, pois é o período em que há a formação do cérebro e a criança fica mais vulnerável, em virtude do risco de exposição a diversas carências e agravos danosos, que podem ocasionar prejuízos relacionados ao desempenho das originalidades intelectuais, ao equilíbrio comportamental, ao processo de cognição, à formação da personalidade, entre tantos outros fenômenos.
Nos últimos anos, com todos os avanços científicos nas áreas de genética molecular e epigenética, houve uma melhora significativa na avaliação e diagnóstico dos distúrbios observados no campo do Desenvolvimento e Comportamento Infantil.
Todos esses novos conhecimentos nos têm permitido maiores e melhores abordagens para as crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Transtorno do desenvolvimento Intelectual, Transtorno do desenvolvimento da coordenação motora, Transtornos de comunicação, Síndromes genéticas, Paralisia cerebral infantil, Encefalopatias crônicas progressivas e não progressivas e sequelas de prematuridade.
(2) Quando é preciso procurar um Pediatra do Desenvolvimento e Comportamento?
Todo bebê preicisa de um olhar sentinela dos marcos dos marcos do desenvolvimento e comportamento infantil, pois permite detectar alterações neuropsicomotoras desde o primeiro mês de vida.
Todas as consultas na Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento tem esse olhar sentinela dos marcos do desenvolvimento. As consultas atendem o seguinte calendário:
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A primeira consulta acontece entre 7 e 10 dias da data da alta.
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Aos 2, 4, 6, 9, 12 , 15, 18, 24 e 30 meses. Até 2 anos, segue-se a idade gestacional corrigida.
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A partir da consulta dos 36 meses (3 anos) deve ser realizada uma consulta anual até o inicio da adolescência, quando recomenda-se novamente estreitar a observação clínica a cada 6 meses até a fase adulta.
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Se no acompanhamento da criança ou adolescente, acontecer qualquer alteração, doença ou situação em que ele precise ser mais avaliado ou supervisionado, o pediatra do desenvolvimento e comportamento pode precisar agendar consultas e ou retornos mais próximos ou frequentes.
O que é desenvolvimento infantil?
É o conjunto de habilidades que a criança desenvolve do nascimento até a adolescência – considerando as mudanças biológicas, psicológicas e emocionais. Ele pode ser avaliado por meio da observação da forma como o indivíduo brinca, fala, aprende e interage com os outros.
O desenvolvimento da criança vem cercado de mitos e crenças que precisam ser reavaliados. Existe a necessidade de uma quebra de paradigmas para que o olhar do profissional de saúde e educação aconteça de forma técnica e responsável.
“Cada criança tem seu tempo”
Muitas vezes essa frase é escutada como resposta às inquietações dos pais sobre algum aspecto do desenvolvimento do seu filho; e deve ser fortemente desencorajada e substituída por uma avaliação objetiva da queixa: para isso é necessário conhecer o ponto de prevalência do desenvolvimento, assim como as normas que regem e influenciam a aquisição dos marcos. A identificação do ponto de prevalência é feita por meio da comparação do menor com amostra normativa de crianças e adolescentes da mesma idade. Para tanto, é desejável que se utilizem instrumentos padronizados às habilidades que 90 de 100 crianças ou adolescentes realizam nessa faixa etária (dois desvios-padrão para mais ou menos no ponto de corte).
“Espere e veja” ou “vamos dar tempo ao tempo”
A crença de que, detectado o atraso, o tempo poderia resolver essa questão sem prejuízos ao menor é outro paradigma a ser desconstruído. Apenas um pequeno percentual de menores se recuperará de atrasos sem nenhuma intervenção: no caso de atrasos da fala, por exemplo, 15% das crianças de 2 anos serão diagnosticadas como faladores tardios. A intervenção, portanto, deve ser iniciada no mesmo momento em que o atraso é detectado independente de um fechamento diagnóstico. Dessa maneira o efeito da terapia tem melhor resultado e a probabilidade de prejuízo é menor.
O que é atraso do desenvolvimento?
Habilidades como o primeiro passo, sorriso e aceno, por exemplo, são alguns marcos do desenvolvimento. As crianças os atingem com a interação, brincadeiras, etc. Geralmente um atraso no desenvolvimento é observado quando a criança não alcança essas "metas" (habilidades) no período adequado.
Então, os profissionais da saúde que atendem crianças e adolescentes fazem a vigilância de possíveis atrasos do desenvolvimento delas. Essa vigilância é um processo contínuo, flexível e permanente: faz parte do acompanhamento longitudinal e deve fazer parte de todas as consultas de saúde, permitindo identificar e intervir em alguns precursores dos problemas, podendo potencialmente preveni-los.
(3) Como é avaliação do desenvolvimento e comportamento infatil?
O profissional analisa o desenvolvimento e comportamento para determinar se a criança e adolescente está adquirindo as habilidades básicas no momento esperado. Ele pode fazer perguntas aos pais e cuidadores e conversar e brincar com a criança durante um exame para verificar se ela aprende, fala, reage e se desloca como o esperado ou fazer avaliações neurocognitivas e de desenvolvimento e comportamento da criança ou do adolescente para verificar se está dentro da normalidade para a idade.
Como não existem análises laboratoriais ou sanguíneas que possam revelar se a criança ou adolescente tem um atraso ou dificuldade, a avaliação de desenvolvimento e comportamento serve como triagem e poderá determinar se deve iniciar alguma terapia.
(4) Qual a importância do olhar sentinela dos marcos do desenvolvimento e comportamento infantil?
As crianças não nascem prontas. Elas aprendem e se desenvolvem ao longo do tempo. A avaliação rotineira do desenvolvimento e comportamento infantil é uma das tarefas mais importantes dos profissionais que cuidam de crianças e adolescentes. Quanto mais cedo for observado o atraso ou dificuldade, mais rápido o tratamento adequado é iniciado e melhores são as chances de recuperação..
(5) Como são feitas as avaliações e acompanhamento do desenvolvimento e comportamento Infantil?
A avaliação do desenvolvimento é feita com finalidade diagnóstica para orientação da terapêutica a ser instituída. Compreende escores de avaliação de habilidades da criança e deve ser realizada em crianças e adolescentes em que já se detectaram sinais de alarme, crianças com screening positivo ou crianças encaminhadas com suspeita de desenvolvimento atípico por outros profissionais da saúde ou da educação.
Por se tratar de uma avaliação mais detalhada, a avaliação do desenvolvimento e comportamento infantil consome mais tempo e perícia do profissional de saúde que cuida de crianças e adolescentes. Pode-se utilizar instrumentos como IDADI, ASQ-3, Escalas Bayley III, que são utilizados para screening, mas também têm uma modalidade de avaliação completa. No caso do TEA, existem instrumentos diagnósticos como o ADOS, ADI-R, CARS e Escala Labirinto.
A busca de um diagnóstico em desenvolvimento e comportamento infantil deve ser considerada com o apoio de equipe multidisciplinar (psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, foniatria, psiquiatria, neurologia pediátrica, pediatria do desenvolvimento e comportamento, pedagogia, neuropsicologia, neuropsicopedagogia, escola e outros) em conjunto com a família, buscando sempre um olhar amplo, individualizado e qualificado.
É importante ter em conta que instrumentos de avaliação do desenvolvimento e comportamento infantil medem uma “amostra” do comportamento em um momento particular no tempo e que pouca cooperação e motivação do menor podem afetar a performance. Os testes são limitados àquilo que foram desenhados para medir. Nenhum teste captura todos os aspectos de funcionamento de uma criança. Portanto, essa avaliação é longa e se utiliza de vários instrumentos.
(6) Alguns dos atendimentos mais frequentes:
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Transtornos do Neurodesenvolvimento: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Atraso Global do Desenvolvimento, Transtorno do Desenvolvimento Intelectual (TDI), Atraso na Aquisição e no Desenvolvimento da Linguagem, Transtorno do desenvolvimento dos sons da fala, Transtornos Motores da Fala (Atraso Motor da Fala, Apraxia da Fala, Disartria), Transtorno de Linguagem (TL), Transtorno do Desenvolvimento de Linguagem (TDL), Transtorno da Comunicação Social Pragmática e Transtorno do Desenvolvimento da Fluência da Fala, Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) Motora, Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) e Transtorno do Movimento Estereotipado, Transtornos Específicos de Aprendizagem (com prejuízo na leitura; expressão escrita; matemática; Altas Habilidades/Superdotação), Transtorno de Tourette, Transtorno de Tique Motor ou Vocal Persistente (Crônico), Transtorno de Tique Transitório.
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Acompanhamento e orientação aos cuidados com Bebês de baixo peso ao nascimento, asfixiados, prematuros ou com risco de atraso dos marcos do desenvolvimento.
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Olhar sentinela dos marcos do desenvolvimento e comportamento das crianças e adolescentes.
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Acompanhamento e orientação aos cuidados com Síndromes Genéticas, Má formação Cerebral, Paralisia cerebral infantil e outras Encefalopatias crônicas progressivas e não progressivas.
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Desempenho escolar fraco (na leitura, expressão escrita ou matemática).
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Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC).
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Transtornos Comportamentais: Transtornos da Eliminação (Encoprese, Enurese); Transtornos Neurocognitivos; Transtornos dos Comportamentos Alimentares (Transtorno alimentar evitativo restritivo - TARE, dificuldades alimentares nos primeiros anos de vida e outros transtornos alimentares); Transtorno Disruptivos da Desregulação do Humor (TDDH); Transtorno de Oposição Desafiante (TOD); Transtorno Explosivo Intermitente; Transtornos de Ansiedade; Transtornos Depressivos; Transtorno Bipolar e Transtornos Relacionados; Transtorno Obsessivo-compulsivo e Transtornos Relacionados; Transtorno do Game; Transtorno do uso excessivo de tecnologia e temas em torno da uso televisão, celular, tablet, computadores, vídeo game, internet e outros aparelhos eletrônicos na infância e adolescência.