Desvendando o ADI-R: Aprofundando na Autism Diagnostic Interview-Revised
No cenário complexo do diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), a Autism Diagnostic Interview-Revised, ou ADI-R, emerge como uma ferramenta fundamental e minuciosa. Vamos explorar em detalhes o que torna o ADI-R uma peça-chave na busca por uma compreensão mais profunda, objetiva e precisa do autismo.
O Que é o ADI-R?
O ADI-R é uma entrevista estruturada e abrangente projetada para coletar informações detalhadas sobre o comportamento social, comunicativo e repetitivo de indivíduos com características sugestivas de TEA. Desenvolvido para ser conduzido por profissionais de saúde especialistas em autismo, o ADI-R é uma ferramenta essencial para obter uma visão completa do perfil comportamental de uma pessoa.
Metodologia Detalhada e Sensível ao Desenvolvimento:
A abordagem do ADI-R é sensível ao desenvolvimento, adaptando-se a diferentes faixas etárias. A entrevista explora o desenvolvimento histórico da criança, adolescente e adulto em áreas como linguagem, interação social, interesses e comportamentos repetitivos. A metodologia detalhada permite uma análise aprofundada e contextualizada do comportamento do indivíduo ao longo do tempo. Pode ser aplicada à partir de 18 meses de idade equivalente ou 2 anos de idade cronológica.
Três Domínios de Avaliação:
O ADI-R avalia o comportamento em três domínios principais:
Comunicação Recíproca: Explora o uso da linguagem, expressão verbal e não verbal, além de como a pessoa se envolve em uma comunicação bidirecional.
Interesses Sociais/Recíprocos: Investigação de como o indivíduo desenvolve e mantém relacionamentos, a participação em atividades sociais e a busca de interação com outros.
Comportamentos Restritos e Repetitivos: Avaliação de padrões de comportamento repetitivo, fixações, sensibilidades sensoriais e resistência à mudança.
A Importância da Coleta de Dados Familiares:
Uma característica única do ADI-R é a ênfase na coleta de dados de cuidadores, geralmente pais ou responsáveis. Essas informações são cruciais para obter uma visão integral do comportamento da pessoa, incorporando perspectivas diversas e enriquecendo a compreensão global do TEA.
Pontuação e Diagnóstico Diferencial:
A interpretação dos resultados do ADI-R envolve uma pontuação cuidadosa em cada domínio. Essa pontuação, associada a critérios específicos, auxilia na diferenciação entre o TEA e outros transtornos do neurodesenvolvimento.
Integração com Outras Ferramentas de Diagnóstico:
O ADI-R é frequentemente utilizado em conjunto com outras ferramentas, como o ADOS-2 e o CARS-2, para obter uma avaliação mais abrangente e confiável. Essa abordagem integrada contribui para um diagnóstico mais preciso e objetivo e uma compreensão mais completa do perfil do TEA.
Conclusão:
A Autism Diagnostic Interview-Revised, com sua metodologia detalhada e ênfase na coleta de dados familiares, destaca-se como uma ferramenta fundamental no diagnóstico objetivo e preciso do TEA. Ao explorar a comunicação, interação social e comportamentos repetitivos, o ADI-R proporciona insights valiosos que orientam profissionais de saúde na identificação e compreensão do autismo. Utilizado como parte de uma abordagem integrada, o ADI-R contribui para estratégias de intervenção personalizadas e promove uma melhor qualidade de vida para aqueles no espectro do autismo.
Duvidas frequentes sobre a ADI-R (Autism Diagnostic Interview-Revised ou Entrevista Diagnóstica para o Autismo Revisada):
1 - Pode ser utilizado no Brasil?
Sim. A ADI-R está na lista de instrumentos auxiliares no diagnóstico do Autismo do Ministério da Saúde (Manual “Linha de Cuidado do TEA na infância”, publicado pelo Ministério da Saúde em 2021), Sociedade Brasileira de Pediatria -SBP (Manual “Transtorno do Espectro do Autismo”, 2019) e Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil -SBNi (“Proposta de Padronização Para o Diagnóstico, Investigação e Tratamento do Transtorno do Espectro Autista.”, 2021).
2- Tem Validação Brasileira?
Sim. O seu artigo de validação é:
3- Tem versão impressa em Lingua Portuguesa?
Não.
4 - É vendido no Brasil?
Não. Precisa ser importado.
5 - Psicólogos podem usar?
Sim, mas somente como instrumento auxiliar na avaliação neuropsicológica. Os demais profissionais da saúde podem usar sem restrição.
6 - Precisa ter capacitação para aplicar?
Sim. O profissional precisa ter feito o curso de capacitação oficial.
7 - Tem código TUSS/Rol ANS?
Não, mas nenhum instrumento de avaliação que usamos em neurodesenvolvimento tem!
8 - A avaliação pode ser feita online?
Sim.
9 - Tem padronização brasileira?
Os critérios clínicos do TEA do DSM-5 TR são os mesmos em qualquer lugar do mundo!
10 - É um Teste Neuropsicológico para o Autismo?
Não. É importante entender o que caracteriza um teste neuropsicológico. Eles medem funções cognitivas específicas, como memória, atenção, funções executivas, linguagem e quoeficiente de inteligência. Eles ajudam a identificar padrões de funcionamento cerebral e a detectar possíveis disfunções neurológicas ou distúrbios cognitivos. Esses testes são frequentemente aplicados por profissionais de saúde, como neuropsicólogos, para diagnosticar e planejar intervenções em condições neurológicas e transtornos psiquiátricas.
Ao contrário, os testes específicos para o diagnóstico do Autismo se concentram em comportamentos e critérios definidos pelo DSM-5 TR das características centrais do Autismo e são aplicados por profissionais de saúde, com curso de capacitação oficial, como médicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e outros.
Em suma, a ADI-R é um Teste Específico para o Diagnóstico do Autismo. Não é um Teste Neuropsicológico para Autismo.
Dra. Valéria Gandolfi Geraldo
Pediatria - Neurologia Pediátrica
CRM-SP: 105.691 / RQE: 26.501-1
Sugestões de Leitura:
“Identificação, Avaliação e Manejo de crianças com Transtorno do Espectro Autista”, da Academia Americana de Pediatria
"Promovendo o desenvolvimento ideal: Triagem de Problemas comportamentais e emocionais." da Academia Americana de Pediatria.
"Triagem precoce para Autismo/ Transtorno do Espectro Autista" da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
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