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Disfasia: Uma Exploração Profunda do Distúrbio da Linguagem


Disfasia: Uma Exploração Profunda do Distúrbio da Linguagem

A disfasia é um distúrbio cognitivo complexo que afeta a capacidade de compreender e expressar a linguagem, seja na forma escrita ou falada. Essa condição resulta de doenças que impactam diretamente as áreas do cérebro responsáveis pelo processamento linguístico no hemisfério dominante. Este texto busca oferecer uma compreensão abrangente da disfasia, abordando sua definição, causas, características clínicas, subtipos e a importância da diferenciação precisa de outros transtornos relacionados.


O Que é Disfasia?

A disfasia é um distúrbio neurológico que interfere significativamente na habilidade de usar e entender a linguagem. Diferentemente da afasia, em que a perda de habilidades linguísticas é mais abrangente, a disfasia geralmente se manifesta de maneira mais específica, prejudicando áreas particulares da comunicação. Essa condição pode se apresentar tanto na forma receptiva (compreensão) quanto na expressiva (produção).


Os sintomas da disfasia podem variar, mas geralmente incluem dificuldades na escolha de palavras, na construção de frases, na compreensão de instruções complexas e em outros aspectos da comunicação verbal e escrita. Vale ressaltar que a gravidade dos sintomas pode variar, e o impacto na vida diária dependerá da extensão do comprometimento linguístico.


Causas da Disfasia

A disfasia é causada por lesões ou danos às áreas do cérebro responsáveis pelo processamento linguístico. As causas subjacentes podem ser diversas e incluem:

  1. Lesões Cerebrais Adquiridas: Traumas cranianos, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) ou tumores cerebrais podem resultar em danos às áreas linguísticas do cérebro, levando à disfasia.

  2. Distúrbios Neurológicos: Algumas condições neurológicas, como epilepsia ou encefalopatias, podem afetar as funções cerebrais, incluindo a linguagem.

  3. Infecções e Doenças: Infecções graves, como meningite, ou doenças degenerativas, como a Doença de Alzheimer e Erros Inatos do Metabolismo (EIM) ou Doenças Metabólicas Hereditárias, podem causar danos cerebrais que resultam em disfasia.

A Disfagia não é um transtorno do neurodesenvolvimento. Os Transtorno do Neurodesenvolvimento tem como etiologia fatores genéticos e ambientais intrauterinos. A Disfagia tem como etiologia fatores ambientais pós-natais. Portanto, não está descrita no DSM-5 TR.

CID 10 - R47.0: Disfasia e Afasia

considerando a nova CID11 - MA80.1 Disfasia


Classificação e Subtipos da Disfasia

A classificação da disfasia é fundamental para compreender suas manifestações clínicas e desenvolver estratégias de intervenção personalizadas. Existem diferentes subtipos de disfasia, cada um com características específicas:

  1. Disfasia Expressiva: Nesse tipo, a dificuldade reside principalmente na produção da linguagem. A pessoa pode ter problemas para formar frases completas, escolher palavras apropriadas ou articular corretamente.

  2. Disfasia Receptiva: Aqui, a dificuldade está na compreensão da linguagem. A pessoa pode ter problemas para entender instruções, seguir conversas ou processar informações auditivas.

  3. Disfasia Mista: Este subtipo envolve uma combinação de dificuldades expressivas e receptivas. A pessoa pode enfrentar desafios tanto na produção quanto na compreensão da linguagem.

  4. Disfasia Fonológica: Envolve dificuldades específicas na manipulação de sons da fala, como a troca de sons semelhantes.

  5. Disfasia Semântica-Pragmática: Afeta a compreensão do significado das palavras e a capacidade de usar a linguagem de maneira socialmente apropriada.

Diagnóstico Diferencial

Ao diagnosticar a disfasia, é crucial diferenciá-la de outros distúrbios ou transtornos relacionados, para garantir uma abordagem de tratamento eficaz. Alguns dos distúrbios ou transtornos que devem ser excluídos no processo de diagnóstico incluem:

  1. Afasia Isolada Progressiva: Um distúrbio que afeta progressivamente a linguagem, mas não necessariamente outras funções cognitivas.

  2. Transtorno do Desenvolvimento de Linguagem (TDL): Afeta a aquisição normal da linguagem na infância, mas não é resultado de lesões cerebrais adquiridas. A etiologia são fatores genéticos e ambientais intrauterinos. Também há necessidade de excluir; Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Transtorno do Desenvolvimento Intelectual (TDI), Síndromes Genéticas, Lesões do Sistema Nervoso Central intrauterinos/congênitos, Erros Inatos do Metabolismo (EIM) ou Doenças Metabólicas Hereditárias e Epilepsia.

  3. Transtornos de Linguagem: Inclui transtornos de linguagem que não são atribuíveis a lesões cerebrais pós natais. A etiologia são fatores genéticos e ambientais intrauterinos. Pode coocorrer com: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Transtorno do Desenvolvimento Intelectual (TDI), Síndromes Genéticas, Lesões do Sistema Nervoso Central intrauterinas ou congênitas, Erros Inatos do Metabolismo (EIM) ou Doenças Metabólicas Hereditárias e Epilepsia.

  4. Transtorno de Fala: Diferente da disfasia, o transtorno de fala refere-se a dificuldades na produção dos sons da fala, sem impactar necessariamente a compreensão ou expressão da linguagem.

Intervenções e Estratégias de Tratamento

O tratamento da disfasia geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, com a colaboração de fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos comportamentais, neuropsicólogos e outros profissionais de saúde. Alguns dos principais métodos de intervenção incluem:

  1. Terapia de Linguagem: Fonoaudiólogos trabalham para melhorar a expressão e compreensão da linguagem por meio de exercícios e atividades específicas.

  2. Estimulação Cognitiva: Atividades que visam melhorar as funções cognitivas relacionadas à linguagem, como memória, atenção e raciocínio.

  3. Terapia Ocupacional: Enfocando a melhoria das habilidades motoras finas e da coordenação necessárias para a escrita e outras atividades relacionadas à linguagem.

  4. Abordagens Personalizadas: Considerando as necessidades individuais do paciente e adaptando estratégias de intervenção com base nos subtipos específicos de disfasia apresentados.

Considerações Finais

A disfasia é um distúrbio que demanda uma compreensão abrangente e uma abordagem personalizada para garantir o sucesso do tratamento. A diferenciação cuidadosa de outros distúrbios ou transtornos linguísticos é fundamental para direcionar as intervenções de maneira eficaz. Ao buscar ajuda profissional e implementar estratégias de tratamento específicas, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida de indivíduos com disfasia, capacitando-os a se comunicar de maneira mais eficiente e participar plenamente da sociedade.



Dra. Valéria Gandolfi Geraldo

Pediatria - Neurologia Pediátrica

CRM-SP: 105.691 / RQE: 26.501-1

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