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Quedas de Bebês: Desmistificando o Mito de Não Deixar Dormir e Navegando pela Parentalidade com Evidências



Quedas de Bebês: Desmistificando o Mito de Não Deixar Dormir e Navegando pela Parentalidade com Evidências!

Quando o assunto é bebês e quedas, a ansiedade e a preocupação dos pais se tornam uma constante. A ideia de que não se pode deixar um bebê dormir após uma queda é frequentemente compartilhada, mas será que essa orientação tem base científica ou é apenas um mito? Vamos explorar esse tema delicado, considerando tanto a experiência dos pais quanto a perspectiva médica.


A realidade é que, ao longo dos primeiros anos de vida, os bebês estão propensos a quedas, seja de uma cama, sofá, ou até mesmo de um carrinho de bebê. Evitar essas situações é praticamente impossível, dada a natureza exploratória e curiosa dos pequenos. Então, quando o inevitável acontece e o bebê sofre uma queda, muitos pais reagem instintivamente, temendo lesões e complicações.


A cena que se desenrola após uma queda muitas vezes é universal entre os pais: pânico, preocupação e, em seguida, o desejo de acalmar o bebê. No entanto, surge a crença de que permitir que o bebê durma logo após uma queda pode ser perigoso, alimentando o medo de lesões cerebrais.


A orientação tradicional de não deixar o bebê dormir imediatamente após uma queda é baseada na preocupação com a possibilidade de uma lesão cerebral oculta. A ideia é que, ao permanecer acordado, seria mais fácil identificar sinais de alerta, como vômitos frequentes, alterações na pupila ou comportamento anormal. Contudo, é importante considerar que essa recomendação tem raízes mais na tradição do que em evidências científicas sólidas.


Vamos desmistificar essa orientação. Permitir que um bebê durma após uma queda não é, por si só, uma ação prejudicial. Os bebês, após experimentarem situações estressantes, como uma queda, muitas vezes manifestam sono como uma resposta natural. É uma maneira natural do corpo recuperar-se do estresse, permitindo a restauração das funções físicas e emocionais.


A anatomia dos bebês é outro fator a ser considerado. Seus ossos são mais maleáveis e elásticos em comparação com os dos adultos, tornando as fraturas menos comuns em situações de quedas leves. A capacidade do crânio do bebê de absorver impactos também é notável, proporcionando uma camada adicional de proteção contra lesões cerebrais.


No entanto, isso não significa que os pais devem ignorar completamente a situação. É fundamental observar o comportamento do bebê após a queda e procurar sinais de desconforto, mudanças de comportamento ou outros sintomas preocupantes. Se houver qualquer sinal de lesão grave, como convulsões, perda de consciência prolongada, vômitos persistentes ou comportamento anormal, é imperativo buscar atendimento médico imediato.


A orientação contemporânea de muitos profissionais de saúde é que, após uma queda leve, se o bebê estiver consciente, alerta e não apresentar sinais evidentes de lesões graves, não há necessidade de impedi-lo de dormir. Observação cuidadosa durante o sono e uma resposta rápida a quaisquer sinais de preocupação são fundamentais.


A recomendação tradicional de não permitir que um bebê durma após uma queda é um exemplo de como as práticas e crenças parentais podem evoluir ao longo do tempo. Com base nas evidências disponíveis, permitir que um bebê durma após uma queda leve não representa uma ameaça significativa à sua saúde, desde que os pais estejam atentos aos sinais de alerta e procurem ajuda médica quando necessário.


Em última análise, a parentalidade é uma jornada cheia de desafios, e as quedas são uma parte inevitável dessa jornada. Confiar no próprio instinto, manter a calma e buscar informações baseadas em evidências são passos essenciais para lidar com essas situações delicadas. É importante lembrar que, embora as quedas sejam assustadoras, muitas vezes os bebês são mais resilientes do que imaginamos, e seu desenvolvimento saudável é o resultado de uma abordagem equilibrada entre precaução e compreensão.


Sinais de alerta de quedas de crianças para ida a unidade de urgência e emergência:

  • Em menores de 3 meses, queda de qualquer altura, leve ao hospital. Após o trauma, observe todo o corpinho, além da cabeça

  • Em bebês de 3 meses a 2 anos, quedas de locais com altura superior a 0,9 metro, leve ao hospital. Após o trauma, observe todo o corpinho, além da cabeça.

  • Em maiores de 2 anos, quedas de locais com altura superior a 1,5 metros, leve ao hospital. Após o trauma, observe todo o corpinho, além da cabeça.

  • Queda de mais de 4 degraus da escada, procure um hospital. ⁣

  • Sangramento pelo ouvido, procure um hospital.

  • Perda de consciência após trauma, mesmo se for por poucos segundos, procure um hospital.

  • Se dor de cabeça intensa, crises epilépticas, alteração de memória, confusão mental, alterações visuais, desequilíbrio e perda de força muscular ou outra mudança do padrão neurológico habitual , vá ao hospital.

  • Se presença de hematomas atrás da orelha ou à volta dos olhos, vá ao hospital.

  • Líquido transparente saindo pelo nariz ou pelos ouvidos, vá ao hospital.

  • Observar se a criança ou adolescente fica bem após o susto. Se ele se acalmar e dormir, tudo bem.

  • Se ficar um galo gigante, coloque gelo e avise o pediatra dele. O tamanho do galo não é sinal de gravidade. Se hematoma subgaleal (galo) não frontal (occiptal, parietal ou temporal), em menores de 2 anos, vá ao hospital.

  • Se sair sangue do local do baque ou pelo nariz, procure um hospital.

  • Se a criança, após a queda e até 6 horas dela, apresentar 5 ou mais episódios de vômitos, vá ao hospital.

  • Se a criança, após 6 a 48 horas da queda, apresentar um episódio de vômito, vá ao hospital.

  • Se ficar com um padrão irritado ou sonolento nas primeiras 48 horas que seguem a queda, leve ao hospital.

  • Se até 48 horas após a queda a criança estiver diferente do habitual, vá ao hospital.

  • Se a criança, após 48 horas da queda, apresentar qualquer alteração, entre em contato com o seu pediatra, antes de levá-lo ao hospital.

  • Procure um hospital, se quedas de bicicleta, patins, patinete e skate em movimento, se estiver sem capacete. O mecanismo de trauma, nesses casos, é considerado de alta intensidade e precisam ser avaliados por um médico, mesmo os assintomáticos.

  • Procure em hospital, se ejeção do carro, acidente automobilístico com morte de um dos passageiros, capotamento, atropelamento de pedestre ou ciclista sem capacete e trauma ocasionado por objeto de alto impacto.


Ao enfrentar dúvidas sobre os sinais de alerta em seu bebê, é aconselhável contatar primeiro o pediatra antes de recorrer diretamente ao hospital. Essa abordagem permite orientação especializada, garantindo a melhor resposta ao quadro.


Concluindo, o mito de evitar ir ao hospital diante de incertezas não se sustenta. Em caso de dúvida significativa ou sinais de alerta, a busca por assistência médica é crucial para garantir a saúde e o bem-estar do bebê.


Dra. Valéria Gandolfi Geraldo

Pediatria - Neurologia Pediátrica

CRM-SP: 105.691 / RQE: 26.501-1

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